A ORIGEM
Desde a travessia de Lapinha-Tabuleiro-Lapinha, o Rafa já tinha colocado como próximo objetivo a Serra Fina. Amadurecemos a idéia durante o passeio no Parque Nacional do Itatiaia e acertamos a data. Durante os meses subseqüentes, combinamos toda a logística e confirmamos os frangos integrantes. Paty, Jorge, Rafa, Cristiano e Willian. A Flavinha não pode ir devido a um problema de saúde.
Dia 22/06/11 sai as 17:00 de Araraquara de ônibus em direção a cidade de SP para encontrar meu irmão. Prosseguimos para Passa Quatro – MG e lá passamos a noite na Pousada do Verde. Na manhã seguinte os frangos de BH foram ao nosso encontro na pousada. Eles chegaram por volta das 08:00, ai aproveitamos para tomar um café da manhã juntos.
OBS: Já fazia 3 anos que eu ouvia o Rafa falando e falando sobre a Serra Fina e por fim fomos convencidos por ele a ir nessa empreitada... Saí cedo do trabalho na quarta-feira, encontrei o Jorge no trabalho dele e fomos pegar o Rafa na casa dele... Conseguimos fugir do trânsito da saída de BH, paramos no pastel para comer e seguimos viagem... Dessa vez, como nós 3 conseguimos sair cedo do trampo, a viagem foi bem menos cansativa e 22h00 paramos em Pouso Alto para dormir... No dia seguinte acordamos cedo e fomos até a Pousada Verde, onde tudo começou...
A TRAVESSIA
1º DIA 23/06/11 – DESTINO: CAPIM AMARELO
O Flavio foi o motorista incumbido de nos transportar até o início da travessia (Toca do Lobo). Ele nos pegou as 09:30 e chegamos na Toca as 10:20. Animados e ansiosos iniciamos a travessia as 10:30.
No primeiro ponto de água tivemos a surpresa de encontrar um pessoal de Brasília da AVI que estava fazendo uma matéria sobre Passa Quatro, e como o Rafa é Vice-Presidente da Fememg, ele deu uma entrevista falando sobre a importância do livre acesso as montanhas, salientando o mínimo impacto e a conscientização ambiental.
Após o Rafrango fazer as explanações, nós continuamos a pernada, com belas caminhadas sobre a crista sem muitos perrengues. Chegamos no ponto de acampamento antes do Capim Amarelo e por lá achamos um lugar estreito para montarmos as barracas. O Jorge e a Paty com uma barraca estilo Xandão moda-grande, ocuparam 50% do local, enquanto o resto se digladiava por míseros m2. Fizemos um rango e logo nos retiramos aos nossos aposentos.
OBS: Nem preciso comentar que já sabíamos que nossa barraca era grande e pesada, mas é a única que temos...
2º DIA 24/06/11 – DESTINO: PEDRA DA MINA
Acordamos as 06:00 com a esperança de ver o sol nascer, breve ilusão, pois o dito cujo ascendeu atrás das montanhas. Por volta das 08:30, logo após o café da manhã, nos pusemos a caminhar.
O segundo dia foi dividido em 2 etapas. A primeira com muita mata fechada, capim-elefante e taquaral, já a segunda etapa com muito trepa pedra e crista batida. Em relação ao desnível, este segundo dia começou com um aclive de 100 mts no Capim Amarelo e conseqüentemente um declive de 300 mts em mata fechada, alternando posteriormente em subidas de descidas menores.
Com a craudiação e o excesso de pessoas na trilha (+/- 150 pessoas), optamos em acampar no ponto de água antes da Pedra da Mina, sem dúvida um dos melhores pontos em toda a travessia. Apesar da exposição a ventos, o local era privilegiado devido ao terreno plano, espaçoso, próximo da água e longe da muvuca. Esta noite foi a mais marcante por vários motivos: rango comunitário, clima perfeito, Via Láctea riscada no céu e salpicada por meteoros. Somente dois fatos lamentáveis: Rojões no alto da Pedra da Mina e um incêndio em um dos picos que passamos no primeiro dia (o prev fogo trabalha com a hipótese de pessoas que fizeram uma fogueira e perderam o controle).
OBS: O rango comunitário foi composto por: azeitonas de aperitivo, sopão de entrada, e calabresa com provolone na "chapa"!!! E o prato principal foi cada um por si...
3º DIA 25/06/11 – DESTINO: PICO DOS TRÊS ESTADOS
Acordamos as 06:30 e mais uma vez não conseguimos ver o nascer do sol. Tomamos um café da manhã reforçado e levantamos acampamento as 08:30. As 10:00 estávamos no cume da Pedra da Mina. Contemplamos a beleza em sua totalidade nos 360º visíveis, avistando o maciço do Marins-Itaguaré, Agulhas Negras, Prateleiras, Serra do Mar, Pico do Corcovado e até o Pico do Papagaio. Depois de belas imagens, conversamos sobre a hipótese do Jorge e a Paty abortarem a travessia devido ao cansaço. Começamos a descer a Pedra da Mina e próximo a base, nos dividimos em dois grupos. A Paty e o Jorge desceram pela trilha do Paiolinho, sendo uma descida nada fácil com uma duração de 6 horas de pernada, enquanto o restante do grupo continuou a travessia.
Como descemos um pedaço da Pedra da Mina junto com o Jorge e a Paty, tivemos que fazer uma variante para interceptar o track log mais a frente no Vale do Ruá. Ficamos praticamente 40 minutos em um puta vara-mato no meio do Capim Elefante.
Depois de voltar à trilha, rumamos a leste, passamos pelo Cupim de Boi, e pelo Pico dos 3 Estados.
Desde a descida da Pedra da Minha nós imprimimos um ritmo muito forte, assim pensamos em ficar no Acampamento 23 para escapar da craudiação.
Como planejado, logramos o acamp 23 as 17:30. Armamos as barracas numa piramba, mas o suficiente para dormir. O frio era intenso, então fizemos a janta e logo nos pusemos a contar carneiros.
PLANO B: Pois é, eu e Jorge optamos por voltar pela trilha da Pedra da Mina... Mas... Se a gente soubesse que a descida da Pedra da Mina era em 6 horas, talvez a gente teria continuado a travessia até o fim!!! Enfim, a trilha é mto chata, com partes em blocos de pedra (basicamente desescalando), mata fechada, mata aberta, e o final é uma trilha numa "floresta" de árvores, que parecia que não tinha fim!!! Sobe, desce, passa cachoeira, pega água, sobe, desce, vai reto, e a trilha nunca acabava... No fim claro que acabou, e acabou na Fazenda Pedra da Mina, às 18hs!!! Nunca fiquei tão feliz em ver uma placa!!! Ledo engano... Pois tínhamos que ir até o vilarejo telefonar de algum celular rural para a Eliana ir nos buscar... Mais 3 km até o vilarejo... Mas, felizmente, tivemos a grande ajuda do Sr. Ramos, dono da fazenda, que colocou nossas mochilas no lombo da sua égua e fomos conversando até o vilarejo!!! Conseguimos falar com a Eliana, mas ela não podia nos buscar naquela hora, então arrumamos uma carona com o Zé do Rancho até Passa Quatro, mas no meio do caminho encontramos a Eliana, que já tinha encontrado uma vaga em outra pousada para nós!!! Nem acreditei... Banho!!! Jantar!!! Bife com batata frita!!! Edredon quentinho!!! Hehehehe...
4º DIA 26/06/11 - DESTINO: POUSADA DO VERDE
Levantamos as 05:00 da matina, e logo as 06:08 estávamos iniciando o último trecho da Serra Fina. Como preferimos acampar depois do Pico dos 3 Estados, acabamos passando a maioria das pessoas. Perto do Pico do Alto dos Ivos, passamos o último grupo acampado, e daí em diante foi só pelejar e rasgar o mato que cada vez mais fechado por bambus e cipós atrapalhava o ritmo.
Chegando perto da BR, ligamos para a Eliana (responsável pelo transporte), e ela atenciosamente conseguiu adiantar nosso resgate. As 11:00 chegamos a BR e encontramos o Toninho da Van.
Estávamos preocupados com o Jorge e a Paty, pois não conseguimos comunicação com eles durante a descida, mas durante um contato com a Eliana, foi nos passado que eles estavam bem e já acomodados na Pousada das Pedras.
Chegamos a Pousada do Verde próximo as 13:00, e como já tínhamos reservado almoço e banho, logo nos deleitamos com pratos fartos de comida caseira e sobremesa típica da vovó ( Doce de Leite e Canjica ). Tomamos um belo banho pra tirar a catinga e nos despedimos já com a promessa de fazer o Pico do Papagaio em Agosto.
OBS: Acordamos tarde, mas ainda cansados... Fomos encontrar com os meninos, eles nos contaram toda a aventura do fim da travessia, e no fim pegamos estrada!!!
CONCLUSÕES
Fazer a Serra Fina não é fácil, mas também não é absurdamente difícil, o mais complicado é desenvolver um ritmo ideal, já que 70 % da travessia é em mata fechada, então podemos considerar uma travessia longa e técnica, obrigando a uma boa preparação no quesito físico, psicológico e de infra-estrutura. Todas as decisões fáceis e difíceis foram tomadas em acordo com a equipe, sempre priorizando a segurança. Acredito que foi uma experiência ímpar para todos e que somente fortaleceu a auto-estima e os laços de amizade.
OBS: Sem dúvida o crux da travessia é carregar a água, que diminui o peso da mochila qdo vc bebe, mas todo o peso volta qdo vc enche de novo as garrafas... E assim vai...
Frangos presentes:
Rafa – Rezemos para alma, pois o corpo já era...
Paty – Dona do resort...
Cris – Se ele não quebrar o bastão da BD, ninguém mais quebra...
Willian - Pé frio com sacolinha...
EM BREVE UM VIDEO EDITADO PELO RAFA... AGUARDEM!!!
Sou um dos caras da AVI Audiovisual, de Brasília. Eis o link do teaser do nosso projeto:
ResponderExcluirPassa Quatro: a beleza mora na Mantiqueira
http://www.youtube.com/watch?v=uy__meuageQ
O teaser começa com um trechinho do depoimento do Rafael, vice-presidente da FEMEMG. Procurei por ele no Google e acabei aqui.
Abraços!
Marcelo Grossi (contato@marcelogrossi.com.br)
ah, gostei muito do relato de vcs!!
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