segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vídeo Pedra do Moleque - Campanário

Opa... demorou um pouquinho mas saiu o vídeo da escalada da via Gênesi Apocalíptica, na Pedra do Moleque em Campanário. A escalada foi uma homenagem ao montanhista Kássio, conquistador da via, e que foi assassinado brutalmente em 2010 por um aluno.


Passa Vinte (atoleiros) e Ibitipoca

por Rafael Gribel

Feriado de 15 de novembro, a Flávia conseguiu uma folguinha no trabalho, e resolvemos ir conhecer dois lugares novos perto de Juiz de Fora. A idéia seria passar um dia em Passa Vinte para conhecer a famosa gruta de granito, e no outro dia fazer uma caminhada pra conhecer o Parque do Ibitipoca.

Saimos de casa na quarta-feira a noite, e fomos direto para casa da minha mãe em Bicas, onde deixamos a cachorra, e na quinta de manhã partimos em direção à Passa Vinte. O acesso à Passa Vinte a partir de Juiz de Fora se dá passando pela cidade de Bom Jardim, e depois pegando uma estradinha de acesso à cidade que costumava ser toda de terra. Recentemente começaram a asfaltar, e já o fizeram em 15 dos 25 km. No entanto, os outros 10km estão muito mexidos e com a chuvarada, os atoleiros se proliferaram. Depois de ficar atolado e ter que descer do carro pra empurrar, passamos por vários outros atoleiros, imundando o carro e enchendo o motor de lama e pedra. Mas chegamos!

Chegando na propriedade que dá acesso à gruta, vimos alguns carros estacionados. Paramos por ali e pegamos a trilha. O tempo estava bem nublado, e sem chuva, mas como dizem que na gruta pode-se escalar até debaixo de temporal que nada molha, continuamos animados. De longe avistamos a parte menor da gruta e já ficamos bestificados. Muito grande e intimidadora!




Chegando mais perto, podemos notar que a parte maior e mais alta fica meio encoberta pelas árvores, e só se pode ter a visão total embaixo dela. Incrível!!! Deve ser uns 80m muito negativos de rocha muito croquenta, e buracos gigantescos no negativo!!! Nunca tinha visto nada parecido.



Lá encontramos um pessoal conhecido de Varginha que ficaria ali acampado no feriado. Entramos em uma via de 6sup numa aresta de um bloco caído, e depois eu fui tentar uma via na parede principal que o croqui dizia um 7b, mas que na minha opinião é um 7o bem C. Fiz a via parando bastante, mas pelo menos cheguei no final. A cadena vai ficar pra próxima investida.

Lá pras 4 e meia da tarde decidimos pegar a trilha de volta, porque a nossa intenção era pegar o atoleiro de volta e tocar direto para Ibitipoca, para passar a noite por lá e adiantar o caminho do dia seguinte. Nessa hora, a chuva estava caindo bem forte fora da gruta, e lá embaixo do negativo nenhuma gota dágua!!! Sensacional!!! Pegamos a trilha embaixo de chuva, e chegamos no carro encharcados e muito sujos dos tombos no caminho.

Agora ainda faltavam 10km de atoleiros para encerrar o dia. Passamos por todos sem parar dessa vez, e acabamos de encher o motor de lama e pedra. Quem não gostou mesmo foi a ventoinha do radiados que passou a fazer um barulho muito estranho por causa do excesso de lama. Mas sobrevivemos.



Fomos direto para Ibitipoca, e chegamos lá por volta das 9 da noite. Estávamos famintos, então paramos o carro na rua, trocamos as roupas molhadas no carro mesmo e procuramos uma pizzaria pra jantar. O vilarejo é muito simpático. Muitos bares e pousadas e lojas de artesanato, as ruas de paralelepípedos e muitos turistas caminhando nas ruas a noite. Jantamos, saimos à caça de uma pousada pra passar a noite, e lá pelas 11 e meia estávamos num chalé nos fundos da casa de uma moradora.

Dia seguinte acordamos cedo, tomamos café na mesa da cozinha da dona da pousada (hehe), e fomos direto para o parque. A idéia era fazer a caminhada do Circuito Janela do Céu, que pega quase toda a extensão do parque, passando por grutas, cachoeiras, etc.

O parque é muito bem estruturado, com um centro de visitantes muito bom, funcionários prestativos e várias trilhas muito bem identificadas ao longo do parque. Um exemplo de parque que o IEF está tentando seguir em outros locais.

O dia começou com uma neblina muito forte, e um vento bem frio, e fomos seguindo na trilha. Passamos por 3 ou 4 grutas, e chegamos na atração principal da trilha: a janela do céu. A janela é formada pelo início de uma cachoeira e uma moldura de árvores, com um visual lindo no fundo. Realmente bem bonito. Como estava muito cheio, eu e a Flávia decidimos ir para um mirante ao lado para apreciar toda a extensão da cachoeira.

início da trilha... tudo nublado...
entrada da gruta da cruz
clarabóia na gruta da cruz
entrada da gruta dos moreiras
vários salões na gruta dos moreiras
sequência de quedas na janela do céu

Depois disso, passamos na última atração da trilha, chamada "cachoeirinha". Uma cachoeira de uns 50 metros de altura, que de inha não tinha nada. Eu tomei um banho na água gélida, e a Flávia tentou colocar os pés na água e desistiu.

visual da cachoeirinha
Seguindo a trilha, passamos por um bonito vale com algumas quedas dágua, e algumas grutas avistadas ao longe, para finalmente chegar de volta ao estacionamento.

Feriado um pouco curto, mas muito bem curtido. Conhecer lugares novos e espetaculares é sempre bom!!! Voltaremos em breve para explorar mais essa região tão bonita.

sábado, 24 de novembro de 2012

Pé frio na pedreira...

By Pati
Sábado a tarde, Shane trabalhando, e lá fomos Jorge, eu e Raph escalar na Stathams Quarry... Mal chegamos lá e já percebemos que São Pedro não ia colaborar... Bora escalar então! Jorge nos levou num setor que eu e Raph ainda não tínhamos ido... Não tem mtas fotos, e não são tão bonitas...  
 
Raph escalando.
Anúncio da Salomon... Hehehehe...
Eu escalando e chegando na base...
Qdo cheguei na base, que era no cume (que tem acesso por trilha), eu e Jorge avistávamos a chuva chegando... Descemos a trilha e Jorge achou que dava tempo de mais uma escaladinha... Fomos no setor das aderências, mas só deu tempo do Jorge guiar e rapelar... A chuva ainda não tinha chegado de fato, mas estava tendo mto raio, e ficamos com receio... Melhor ir pra casa, né!
A chuva chegando...
Detalhe importante: estreei minha head net!!! Olha só que fofura:
Não fiquei um xuxu...???
Mais uma vez na pedreira, e mais uma vez chuva... Quem será o pé frio??? Será que é o pé técnico 37 do Jorge??? Ou será a corda rosa do Jorge???
Nessa semana recebemos um link de um videozinho feito pela empresa do metro de Melborne, que fala sobre "maneiras bobas de morrer". O filme é lindinho, bem ilustrado e educativo, e a música não saiu da minha cabeça a semana toda... Eis que e enquanto Jorge escalava a primeira via, uns caras chegaram para escalar a via do lado, e eu e Raph ficamos de olho no que os caras faziam, e só fizeram besteira atrás de besteira... Fiquei com vontade de fazer rimas para "dumb ways to die climbing"...!!!
 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Reel Rock Tour

By Pati
 
Esse ano foi a primeira vez que o Reel Rock Tour foi ao Brasil, com sessões no Rio e em São Paulo. Mas como estamos meio longe do Brasil, fomos na sessão aqui em Perth mesmo! Hehehehe...
Compramos os ingressos há um bom tempo, o que na verdade foi ótimo, pq várias pessoas ficaram sem ingresso, como foi o caso de Shane e Raph... Infelizmente...
A sessão foi no Cinema Paradiso, em Northbridge, dizem que esse foi o primeiro cinema da cidade, e deve ser verdade, pq ele parece bem velho, com salas pequenas e poltronas nada confortáveis...
Os filmes começaram com meia hora de atraso... Mas tudo bem, valeu a pena!
Na página da Reel Rock tem resumo e o trailer dos filmes. Longe de escrever as "críticas dos filmes", eu gostei mais do primeiro filme (La Dura Dura).

O recibo-ingresso...

Pessoal esperando o filme começar...
 
Nós esperando o filme começar...
 

domingo, 18 de novembro de 2012

Wilyabrup

by Pati
(correspondente franga na Austrália)

Acho que dessa vez vou começar com um resuminho do fds perfeito: tempo bom, sol, céu azul, vento, praia, escalada, equipos móveis, flores, animais, geologia, sorvete, amigos felizes e se divertindo! Agora vamos começar pelo começo... Hehehehehe...
Finalmente conseguimos sair mais cedo do trabalho para pegar estrada cedo, achando que íamos pegar a Freeway tranquila... Ledo engano... Parece que todo mundo resolveu sair mais cedo do trabalho no mesmo dia! Hehehehe... Mas tudo bem, estávamos ao som do meu mais novo vício: Florence + The Machine:

Encontramos Shane e Raph em um posto perto de Bunbury e seguimos juntos até o camping...
Bom, dessa vez fomos em dois carros porque Raph ia pedalar com um casal de amigos no domingo, então eles tinham que levar a mountain bike dela...
300km de Perth até Margaret River, uma cidadezinha ao sul, famosa por seu uma região vinícola, então é cheia de hotéis, pousadas, restaurantes, lojinhas, turistas para todo lado, e claro, mta comida e bebida boa! Estivemos lá em agosto, para bebemorarmos meu aniversário, e fomos em algumas vinícolas, fomos em uma fábrica de queijos, outra de chocolate, outra de azeites! E tudo isso com degustação grátis! Só nas vinícolas mais "chiques" é que tem que pagar para degustar... Mas como era agosto, era inverno, ou seja, frio e chuva!
No caminho entre Perth e Margaret River tem uma cidadezinha chamada Busselton, com a qual o Jorge adora fazer trocadilhos... Bobinho!
Mapinha de localização!
Perto de Margaret River tem 3 áreas de escalada:
 - Moses Rock: mais a norte, composto por pequenas e poucas falésias para escalada em móvel.
 - Wilyabrup: a sul de Moses Rock, falésia mto bonita com umas 100 vias em móvel ou mistas, de variados graus.
 - Bob's Hollow: mais a sul, perto do camping, com vias fixas e difícies.
Acho que chegamos no camping umas 20hs, achamos um lugar bom para acampar, e perto do banheiro (de novo só tem a privada, traduzindo: fds sem banho!). Esse camping é um pouco diferente do que estamos acostumados porque ele é no meio de um parque, então tem lugares já demarcados e numerados onde é possível acampar, com espaço suficiente para 3 carros e umas 4 barracas, e ainda mesa e bancos de madeira! Tudo limpo e organizado, mas como é no meio do mato, tinha mtos bichinhos... Na primeira noite vimos canguru, morcego, escorpião e sapo!
Dormimos relativamente cedo, dormi super bem com meu isolante novo (fiquei com mega inveja do isolante novo do Jorge e resolvi comprar um pra mim tb! Hehehehehe...), o tempo estava friozinho, mto gostoso para acampar! Raph e Shane compraram uma barraca super leve na MEC, e ficamos babando nela, porque ainda andamos para todo lado com o nosso "sobrado" (Irmãos Ródinha, Serra Fina, 2011) de quase 5 quilos! Sábado de manhã Jorge e Shane acordaram cedo, pagaram a taxa de 7 dólares por pessoa por noite para os rangers, tomamos café da manhã e arrumamos as tralhar para ir escalar...

Barracas na área de camping.
Pegamos estrada, e depois de uns 15 minutos chegamos na área de estacionamento, pegamos as mochilas e em mais 15 minutos de caminhadinha boa, já avistávamos o mar:

O mar!
Depois desse ponto já chegamos no cume da falésia, onde estão os grampos para ancoragem do top rope e do... Rapel... Pois é... Esse lugar é famoso pelo rapel! Nesse dia tinha uma espresa de turismo levando uma galera para fazer rapel... U-hul!!!

Falésia!
(pena que ficou escura a foto)
Shane e Raph já conheciam o lugar e indicaram algumas vias tranquilas e boas para começarmos... Colocações perfeitas, numa rocha linda e sólida, usando técnicas de oposiçao, diedro, entalamento, chaminé, tesoura... Tudo técnico e gostoso, sem lances de mta força bruta! Ufa!

Croqui com localização e acesso à falésia.
Croqui de um dos setores.
Fotinhos das escaladas:

Shane aquecendo e Raph na seg...


Raph e a vista maravilhosa!


Raph escalando uma aresta...
Jorge guiando em móvel...


...e eu limpando a via!
Escalamos lindos e felizes a tarde inteira, e ainda tivemos um tempinho para os meninos entrarem no mar e tomarem um banho de água salgada... Voltamos para o camping e os amigos de Shane e Raph já estavam no camping, montando a barraca na caminhonete! Super prático! Hehehehe... Fizemos uma janta rápida e básica: macarrão desidratado. Realmente precisamos aprimorar nossa comida de camping!
Domingo acordamos cedo, tomamos café e logo desmontamos as barracas e arrumamos as tralhas... Raph e seus amigos foram fazer trilha de mountain bike, e eu + Jorge + Shane voltamos para as falésias... Estava ventando mto mais, morri de frio na base das vias! Ainda bem que meu companheiro anorak está sempre comigo!
Mais fotinhos:

Jorge protegendo...

Jorge guiando e eu na seg...

Pati

Vista feia, né não?!
Combinamos com a Raph de voltar ao meio-dia, e óbvio que acabamos atrasando um pouco... Hehehehe... Fomos almoçar na vinícola Watershed, e descobrimos que o garçon é brasileiro! Depois passamos na vinícola Voyager, porque eu queria muitooo ir ver o jardim de rosas! Eu e Jorge fomos lá em agosto, mas o jardim estava todo seco, então eu queria mto voltar lá... E valeu a pena, pq as flores são lindas! Grandes e coloridas! Apaixonei! E claro que lembrei mto da minha Mãe!

Abelhas namorando na rosa... Romântico!

Eu e as flores!

Nós quatro!
Depois disso tudo ainda passamos numa sorveteria que ainda não conhecíamos (Millers Ice Cream). O sorvete é simplesmente maravilhoso e voltaremos lá com certeza! Agora vai um mapinha com os picos de escalada e os lugares visitados:

Mapinha com os picos de escalada e os lugares visitados!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pedra do Moleque

Há algum tempo o Xaxá havia me convidado para participar de uma homenagem ao Kássio que seria feita pelo CEM, família e amigos em Campanário, uma cidadezinha perto de Teófilo Otoni. Como eu sempre tive muita vontade de conhecer as pedras da região, topei na hora, e a única data ironicamente fechada foi o feriado de Finados.

O Kássio foi um grande montanhista, conquistador de várias vias entre elas algumas na Pedra Riscada e outras grande pedras da região. Ele era natural de Itambacuri, e na sua infância frequentou muito a fazenda da família de um de seus amigos, o Tutinho. Nessa fazenda fica a famosa Pedra do Moleque, e Kássio foi um dos conquistadores da única via dessa pedra, chamada Genesis Apocalíptica. Ele foi brutalmente assassinado por um aluno em 2010, e esse crime chocou a comunidade escaladora e a família profundamente.
Mais informações:
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/professor+morto+por+estudante+sera+enterrado+hoje+na+grande+bh/n1237858825039.html
http://www.youtube.com/watch?v=wxxcT0wHPIY

A idéia era ir até esta fazenda para prestar uma homenagem ao Kássio, fazendo a primeira repetição desta via e plantando uma árvore em seu nome. A família compareceu em peso, e todos nos receberam muito bem. Mas essa homenagem é assunto pra outro post.

Saímos de BH às 4:30 da manhã na sexta, dia 2 de novembro, e tocamos pra Campanário. A estrada é muito movimentada, e cheia de curvas, o que atrasa muito o trajeto. Rodamos algo em torno de 420km e chegamos na fazendo por volta das 11:30, onde fomos extremamente bem recebidos pelo Tutinho e sua família. Enquanto aguardávamos o restante da família e dos amigos chegarem, o Tutinho nos levou pra dar uma volta na fazenda para conhecer as pedras mais de perto. Incrível!!! Escalada para uma via inteira somente neste lugar!!! Fora a quantidade de pedras gigantescas que conseguíamos avistar ao longe.


vista da estrada


pedra do moleque com o perfil da cabeça do moleque




A fazenda fica num vale entre 3 pedras fantásticas, das quais somente a pedra do Moleque já foi escalada. Esse nome se dá devido a  uma "laca gigantesca" que está anexa ao monolito, e em sua ponta existe o que chamam de cabeça de moleque, um bloco de pedra de 6m de altura por 1,80 de largura que está simplesmente apoiado no topo da laca, criando uma imagem extremamente intrigante aos olhos de quem a vê de longe. O potencial da região é enorme, e as paredes são em sua maioria todas virgens!!!

vale com a pedra do moleque ao fundo e duas outras pedras
magníficas na fazenda

Mais no final da tarde chegaram os companheiros que fariam a escalada conosco: Ivana (amiga de Kássio e uma das idealizadoras da homenagem), e Renata e Rodrigo, um casal de ex-alunos do Kássio que participaram da conquista da via Genesis Apocaliptica. Enfim, fomos dormir torcendo pra São Pedro colaborar conosco no dia seguinte.

Acordamos por volta das 6 e meia da manhã e o tempo estava nublado mas estável, o que para nós seria perfeito pra segurar o calor. Arrumamos tudo e saímos as 8 horas da fazenda em direção à pedra do moleque em cima da 4x4 valente do Tutinho. A caminhonete nos deixou no pé da pedra mas ainda faltava abrir trilha em um trecho de mata para chegar à base da via.

Tutinho foi na frente com o facão abrindo caminho, e nós 5 (eu, Xaxá, Rodrigo, Renata e Ivana) fomos seguindo atrás. Depois de uns 40 minutos de caminhada chegamos então à base da gigantesca laca e podemos ver toda a extensão da via e as enormes chaminés que nos esperavam.

Ivana e Rodrigo na trilha

Tutinho abrindo a trilha

A via segue uma canaleta gigantesca formada exatamente no encontro da laca gigante e do monolito de granito. Canaleta esta que também é ponto de escoamento de água e tudo mais que vier montanha abaixo, então encontramos uma via muito suja e com muitos blocos e pedras soltas. Pura escalada de aventura!

base da via

visual do moleque... a via segue a canaleta até a base da cabeça do moleque

O Rodrigo começou guiando a primeira enfiada, com a Renata e a Ivana de segundas. Eu e o Xaxá, fizemos uma cordada e fomos seguindo num trecho de escalada positiva com poucas possibilidades de proteção. Já na segunda enfiada, tivemos uma idéia do que teríamos pela frente. Em um trecho de artificial em 2 grampos e 2 parafusos, os 2 grampos estavam completamente amassados e tortos, sinal de que muita pedra deveria ter rolado naquele local. Depois desse trecho de artificial, entramos na canaleta e predominou o trepa mato/pedra, com bastante rocha solta e vegetação, e alguns trechos lindos de chaminé. Chegamos ao final da segunda enfiada, que acabava numa chaminé muito bonita com um grampo no topo e um furo de cliff um pouco abaixo. O Rodrigo entrou guiando, fez o lance com o cliff e costurou o grampo. Depois disso continuou seguindo, mas no momento de dominar o final da chaminé, pegou em uma pedra solta que rolou em cima da sua mão e por muito pouco não rolou chaminé abaixo onde estávamos nós 4 esperando. UFA!!! Descemos o Rodrigo e o Xaxá resolveu subir para tentar o lance e, depois de entalar alguns nuts em umas pedras soltas (oh medinho!!!), colocou um estribo e conseguiu passar a chaminé. Chegando na terceira parada, fixou a corda e antes que nós 4 subissemos jumareando, aproveitou e jogou a tal pedra solta chaminé abaixo.

Quando chegamos todos os 5 na terceira parada, começou a garoar. Olhamos para o horizonte e o tempo estava bem fechado pra todo lado. Somado a isso, pelo fato de estarmos em 5 e termos gasto muito tempo nesse trecho da via, a hora já estava bem avançada e começamos a ficar preocupados em ter que rapelar no escuro. Nesse momento conversamos e julgamos mais prudente parar por ali e começar a descida. A cabeça do moleque teria que ficar para uma próxima vez.

Paramos por um tempo, conversamos bastante sobre o Kássio e gravamos alguns depoimentos bem emocionados da Ivana e do Rodrigo (que pretendemos colocar num documentário mais pra frente). O Xaxá  fechou os depoimentos com uma mensagem muito bonita, e deixou um livro de cume que o CEM fez especialmente para aquela via naquele local mesmo. Conversamos ainda por alguns minutos, e então começamos os rapéis, e pouco mais de uma hora e meia depois estávamos já na base. Nesse momento então, São Pedro avisou que não conseguiria mais segurar a onda e liberou a chuva nas nossas cabeças.

Apesar de não termos chegado na cabeça do moleque no final da via, a escalada foi incrível!!! Pouca proteção fixa, muita árvore, chaminés, fendas, trepa/mato, todos os ingredientes de uma grande escalada de aventura!!! e que visual incrível das montanhas ao redor... Na volta ficamos bestificados olhando a possibilidade de linhas que aquela pedra pode oferecer.

Xaxá, valeu demais o convite! Apesar de não ter conhecido o Kássio pessoalmente, me senti muitíssimo bem recebido pelos familiares e amigos, e conhecer esse lugar fantástico foi realmente um privilégio. Que venham as próximas incursões!!!