segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Um mar de agarras na Pedra do Frade

Aproveitando a trégua da chuva, resolvi ir conhecer algum lugar novo. A Pedra do Frade é um pico meio desconhecido e pouco frequentado em Itajubá, mas as fotos e vídeos mostram um mar de agarras em um granito laranja, de vertical a levemente negativo de 120 metros de altura. Ingredientes perfeitos para escalada.



Durante a semana corri atrás de mais informações, e acabei conhecendo o Luigi de Pouso Alegre, que é o cara que conquistou a maioria das vias de lá. O Babu, que tinha ido lá na semana passada, animou também e fechamos dois carros.

Como Itajubá fica a 180km de Alfenas, acordei bem cedo e às 7:30 já tava na estrada, enquanto a Flávia acabou tendo que ficar pra estudar pras milhares de provas da última semana de aula. Encontramos todos em Pouso Alegre, dividimos os carros e tocamos pra Itajubá. Lá ainda pegamos mais um amigo do Luigi.

Chegando na pedra, a primeira imagem já impressiona. O contraste do granito preto e laranja, os negativos e os tufos de pedra que saem da parede já dão uma idéia do quanto a pedra é perfeita para a escalada.




À medida que vamos nos aproximando as vias vão tomando mais forma e, como se fosse possível, impressiona ainda mais.

Para chegar na base da pedra são 30 minutos de caminhada subindo o pasto. Como chegamos em um horário não muito bom, por volta das 11:00 o sol estava à pino, e o calor tava brabo. Fomos direto para um setor à esquerda, mais baixo, onde teríamos sombra até as 13:00. Lá fizemos duas vias, um 4o e um 6o, bons pra aquecer.

linha da via Pureza

paredes laranjas acima ainda inexploradas

Depois das 13:00 subimos para o platô e aí a coisa ficou muito interessante. Aquele mar de agarras que vimos de longe agora aparecia com toda a sua imponência. Uma parede que varia de vertical a levemente negativa absolutamente lotada de agarras de todos os tipos e tamanhos. O granito laranja cheio de pontas de pedra que parecem pedras soltas, mas que na verdade estão "cimentadas" umas às outras. Isso sem falar na textura da pedra, perfeita para dar aderência mas sem machucar a pele. Pra melhorar ainda mais a situação, uma sombra e um ventinho delicioso tornaram a escalada à tarde ainda mais prazerosa. A única coisa que nos deixava apreensivos às vezes eram algumas laquinhas esfarelentas que teimavam em cair a todo momento. Nada que um capacete não resolva.

Ali entrei em duas das vias mais clássicas: a primeira parte da Vozes do Além (25 metros de 7a), e a Sem noção (20m de 7c). O Luigi e o Babu ainda entaram na Verruga do Frade, um 8a muito bonito (que fiquei na vontade dessa vez pela falta de braço).

As vias desse setor já contam com duas ou três enfiadas, mas nenhuma chegou ao cume ainda. Ou seja, ainda existe muito potencial para ser explorado. Olhando pra cima a partir da base, a impressão é de que é possível chegar no cume seguindo qualquer linha vertical, tamanha a fartura de agarras dessa parede.

platô superior

mar de agarras

Luigi na Verruga do Frade

Ficamos na pedra até umas 6 da tarde, aproveitando o horário de verão. Já com os braços bem pesados, juntamos as coisas e pegamos a trilha de descida, de volta para os carros.

vista geral - o platô superior é a parede da extrema direita
todo esse setor central laranja ainda não foi sequer tocado

descida no pasto

Domingo muito bem aproveitado! Apesar da longa viagem de bate e volta (380km ao todo), valeu demais ter ido conhecer a Pedra do Frade. Vias no estilo que eu gosto, longas com muitas agarras e movimentos bem atléticos e aéreos. Com certeza esse vai entrar para a lista dos picos preferridos aqui no sul de minas.

Valeu a todos pelas seguranças e pelas dicas!

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