terça-feira, 6 de agosto de 2013

Frangos na Nova Zelândia - Tongariro National Park

Saindo de Rotorua, finalmente iríamos para o Tongariro National Park, destino mais esperado de toda a viagem na Nova Zelândia.

O Tongariro National Park foi o primeiro parque nacional da Nova Zelândia e o quarto do mundo, fundado em 1887. Fica localizado no centro da ilha norte, é o parque nacional mais próximo à Auckland e compreende alguns dos mais famosos vulcões da Nova Zelândia: Ruapehu (ponto mais alto da Ilha Norte), Ngauruhoe (onde foram filmadas as cenas da Montanha da Perdição - Senhor dos Anéis), e o Tongariro que dá nome ao parque.

No parque está a famosa Tongariro Alpine Crossing, considerada a caminhada de um dia mais bonita da Nova Zelândia! Ao invés de fazer a caminhada de um dia somente, pode-se estender o caminho e fazer uma travessia de 3 dias que dá a volta em torno do Ngauruhoe, chamada de Tongariro Northern Circuit, e considerada umas das New Zealand Great Walks - http://www.doc.govt.nz/parks-and-recreation/tracks-and-walks/great-walks/). As Great Walks, são 9 caminhadas de mais de dois dias, consideradas como as mais bonitas e acessíveis da Nova Zelândia. São todas muito bem sinalizadas, e com abrigos para pernoite. Esquema 5 estrelas.

A nossa idéia era aproveitar o tempo e escalar o Ruapehu (e aproveitar para praticar o uso dos crampons e piquetas), e depois fazer a travessia Tongariro Northern Circuit. Assim, conheceríamos a maior parte do parque.

Chegamos em National Park (é esse mesmo o nome da cidade), e fomos direto para o hostel. O visual ali já era incrível!!! A região é bem plana, com os vulcões ao fundo se erguendo do planalto. No final da tarde, fomos arrumar os equipamentos para a escalada do vulcão Ruapehu no dia seguinte. Alugamos crampons e piquetas, e deixamos tudo pronto para o dia seguinte.

caminhando com a tralha toda do ponto de ônibus até o hostel


vista do hostel

mt ruapehu

mt ngauruhoe

Mt Ruapehu
Acordamos dia seguinte bem cedo, tomamos um café e pegamos a van para a estação de esqui. O Ruapehu é um vulcão bem extenso, e nas suas encostas fica uma das mais importantes estações de esqui da Ilha Norte. Para chegar ao cume, normalmente pega-se o lift até a última parada, e de lá toca-se pra cima pela neve.

Saímos do lift, e já colocamos os crampons no pé. A primeira parte da subida é ao lado de umas torres de um lift sem cadeiras (daqueles que puxa o esquiador em pé nos esquis). Depois disso, pegamos efetivamente uma trilha na neve. Foram quase 2 horas de subida até um platô muito grande quase no cume. Visual magnífico!!! Muita neve e podemos ver o cume não muito longe.

preparada para o frio e neve

subindo no lift

daqui pra cime é a pé

ao fundo o mt ngauruhoe



chegada no platô que dá acesso ao cume

Chegamos no cume depois de umas 3 horas e meia de subida na neve. O cume do Ruapehu é exatamente a sua cratera. Lá em cima, quase tudo conegelado ou nevado, com exceção somente da cratera que fica cheia de água, e às vezes dá até pra ver ela borbulhar um pouco (hehe). Ficamos ali apreciando a paisagem um pouco, e tomamos o caminho de volta. Mais umas duas horas e meia e estávamos novamente no lift, prontos para descer.

Bela aventura para o primeiro dia de Tongariro. Conseguimos nos familiarizar bem com os crampons e piqueta, e aquecemos bem as pernas. Isso ajudou muito nos dias seguintes de travessia.

lago no cume - essa é a cratera do mt ruapehu

abrigo utilizado durante o verão

panoramica do cume com o lago e o platô

visual do cume


voltando pela crista do platô


mt taranaki ao fundo

última vista do ngauruhoe na volta

Tongariro Northern Circuit
Ouvimos dizer que o primeiro dia da travessia era sempre muito cheio, exatamente porque há muitas pessoas fazendo a famosa Alpina Crossing (de um dia). Então, marcamos com a van de sairmos bem cedo para evitar o tráfico na trilha. Chegamos no início da trilha e já vimos várias vans paradas ou retornando, indicando que o caminho estaria cheio.


início da caminhada

sinalização igualzinha às que encontramos no brasil... ah tah...

Começamos a caminhar bem cedo e, como estávamos bem pesados com comida para 3 dias, fomos num ritmo mais lento, e fomos ultrapassados por vários grupos grandes guiados. O início do primeiro dia é majestoso! O visual do vulcão Ngauruhoe de um lado e o Tongariro do outro é de tirar o fôlego. Após algumas horas de caminhada, subimos um grande platô que passa na base do Ngauruhoe e daí pra frente há muita neve no caminho e precisamos colocar os crampons. A caminhada segue pelo col entre os vulcões até finalmente iniciarmos a descida de volta ao planalto. A todo momento encontrávamos placas alertando ao perigo de erupções vulcânicas, e dando instruções sobre como nos proteger no caso de alguma (hehe). Tenso! No ponto mais alto do col, avistamos uma placa maior escrito VOLCANIC HAZARDS em letras garrafais. RISCO DE ERUPÇÃO!!! Curiosamente este era o único ponto da área onde não havia neve. Então, resolvi colocar a mão no chão e deu pra sentir que estava bem quente. Explicado a falta de neve. Enquanto descíamos as encostas do col, víamos jatos de fumaça sendo lançados por todos os lados. Ali sentimos realmente que o chão estava vivo! Corremos um pouco para sairmos da área ativa, e depois de uma longa descida chegamos de volta no planalto. Aqui a trilha de um dia se divide da travessia, e para chegar ao abrigo ainda precisamos caminhar em terreno misto (neve e terra/lama) por mais duas horas e meia. Esse foi o trecho mais cansativo de toda a travessia. Precisávamos dos crampons por causa dos longos trechos de neve, mas fazíamos uma lambança nos trechos de terra. Paciência! Chegamos no abrigo bem cansados, e pudemos usufruir todo o conforto proporcionado pela lareira e pelos colchões fornecidos.

mt ngauruhoe ao fundo... visual mais bonito de toda a caminhada...


instruções no caso de erupções

trilha extremamente bem sinalizada

platô de neve no col entre os vulcôes ngauruhoe e tongariro




ponto mais alto da trilha, onde passamos pelas áreas mais ativas dos vulcôes
repare a falta de neve no chão

descendo pela red crater - área de erupção ativa


fumaça, chão quente e cheiro de enxofre pra todo lado

primeiro abrigo

colocando tudo pra secar acima da lareira

visual da janela do abrigo

Parêntesis importante: os abrigos das travessias são administrados pelo Departamento de Conservação. Não há vigias ou guardas. É preciso comprar os tickets de utilização dos abrigos na cidade, e preenchê-los e depositá-los nos abrigos. Em todos, existe uma caixinha etiquetada "Honesty Box" (caixa da honestidade) onde colocamos a quantidade certa de tickets preenchidos. Quanta civilidade.

Passado o primeiro dia, que é o mais longo mas o mais bonito, a travessia segue dando a volta no Ngauruhoe, passando pelo col entre ele e o Ruapehu. A caminhada é feita basicamente no plano, com os vulcões sempre no horizonte. Agora sem neve, fica tudo muito mais simples.

início do 2o dia... tudo nublado...


mt ruapehu à frente... a trilha agora passa entre os vulcões ruapehu e ngauruhoe, dando a volta nesse último

mais uma vista linda do ngauruhoe

No final do segundo dia ficamos no abrigo chamado Waihohonu Hut, o mais moderno da região, com capacidade para 28 pessoas. Todo novinho, com iluminação de Led abastecido por baterias solares, e com água aquecida (somente no verão, pois no inverno a água congela dentro das tubulações). Aproveitamos a lareira e fizemos mais um belo jantar com todo conforto do mundo.

visual da janela do 2o abrigo

O terceiro dia é o mais curto e menos aproveitável. O visual do Ruapehu domina a paisagem, e no finalzinho ainda passa-se pela maior cachoeira do parque: uma queda de algumas dezenas de metros que forma um belo visual em meio ao planalto árido de terra e pedras soltas.

início do 3o dia com o ruapehu à frente o tempo todo



haja sinalização

ventania do cão

protegendo do vento


cachoeira no final

última vista no ngauruhoe

Chegamos de volta no vilarejo que dá acesso à estação de esqui, e ainda conseguimos uma carona para o hostel "de grátis".

Fechamos mais uma parte da viagem. Essa era a mais esperada, e com certeza foi a mais bonita! Ter a oportunidade de caminhar entre os vulcões ativos, sentir o chão quente e a terra viva foi uma experiência ímpar! E pra completar, tudo isso envolvido num cenário branco lindíssimo!!! A caminhada fez jus à fama, e valeu a pena cada metro andado e todo o esforço.

merecido depois de 3 dias



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