segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Frangos na Nova Zelândia - Taranaki National Park

Última semana de viagem!!! Depois de dois meses fora de casa, chegamos na última etapa da viagem. O objetivo dessa vez era ir ao Egmont National Park, conhecer o Mt Taranaki, um massivo vulcão de 2518 metros de altitude na costa Oeste da Ilha Norte. É também o segundo ponto mais alto da Ilha Norte, ficando atrás apenas do Mt Ruapehu.

Teríamos quase uma semana por lá, então resolvemos escolher uma caminhada de uns 3 dias para esquentar as pernas e nos aclimatar com o lugar, para então tentar a escalada do vulcão.

Pouakai Circuit
Escolhemos a caminhada mais famosa de lá, chamada de Pouakai Circuit que começa nas encostas do Taranaki e passa por um conjunto montanhos anexo à oeste do vulcão, chamado de Pouakai Range. Mantendo o esquema 5 estrelas, a caminhada de 3 dias conta com abrigos para pernoite e trilhas bem sinalizadas.

Arrumamos um transporte do Hostel até a entrada do parque, e chegamos lá bem cedo. No caminho vimos que a situação climática não era nada animadora. São 40 minutos de New Plymouth até o parque, e não conseguimos ver absolutamente nada. A névoa e a garoa tomavam conta de tudo. Enfim, melhor estar na montanha que preso dentro do quarto do hostel, então resolvemos arriscar. A previsão do tempo dizia que iria melhorar, mas não estávamos nada convencidos disso.

O primeiro dia de caminhada começa com algumas boas subidas até atingirmos as encostas na base do vulcão. Trilha bem larga e sinalizada. Andamos algumas horas, e o clima começou a dar uma trégua.


tempo muito fechado no receptivo do parque




Lá pras 10:00 da manhã, o sol começou a aparecer e pudemos então ter uma noção da grandiosidade do lugar. O vulcão é muito grande, e as suas encostas não perdem pra nenhuma cadeia montanhosa que conhecemos aqui no Brasil, o que garante um visual muito bonito.

Após umas 5 horas de caminhada, avistamos o abrigo, sob um céu de brigadeiro, e uma vista maravilhosa do vulcão.

e começa a abrir o tempo

paradinha para o lanche

visual da trilah

cume encoberto por nuvens lenticulares

visual da Pouakai Range (cadeia de montanhas anexa ao Taranaki
e que dá nome à travessia)

enfim o cume!

chegando no abrigo do 1o dia

a manutenção dos banheiros químicos é feita por helicópteros... igualzinho
ao brasil... (aaaahhhh taaaahhh)
Como era dia de semana, estávamos sozinhos no abrigo novamente, e pudemos aproveitar um jantar muito gostoso em frente à lareira.


O 2o dia de caminhada seria o mais curto, mas nem por isso menos bonito. Descemos a encosta do vulcão e passamos um bonito charco, conhecido como Ahukawakawa Swamp, que dá acesso à Pouakai Range. O tempo que começou o dia claro e bonito, começou a mostras novamente suas caras, e neblina e ventos fortes tomaram conta do lugar. Ao iniciarmos a subida da Pouakai Range, já não conseguíamos enxergar nada mais do vulcão. Daí pra frente, muito vento, muito frio


o taranaki está aí ao fundo... pode acreditar...

floresta de musgo na subida

sempre que há vegetação ou solo sensível, há algum tipo de trilha suspensa
ou proteção de madeira para diminuir a erosão

chegada no abrigo do 2o dia sob chuva e vento



Chegamos no abrigo, vazio novamente, e arrumamos nossas coisas. Já haviam nos avisado que o terceiro dia do circuito é crítico se houver chuva, Existe um rio que precisa ser cruzado, e dependendo do volume de água não seria possível. Além disso, no início do 3o dia de caminhada se encontrava teoricamente a vista mais bonita de toda a caminhada: a vista do Taranaki refletida nos Pouakai Tarns (pequenos lagos formados na parte alta da trilha).

o que esperávamos ver

Com aquela chuvarada toda, conversei com a Flavinha e decidimos ir até os tarns para tentar ver alguma coisa, já que provavelmente não faríamos o 3o dia de caminhada. Chegamos lá, e não deu pra ver muita coisa por causa do mau tempo. Mas valeu a intenção.

o que vimos
No 3o dia, a outra opção seria fazer todo o caminho de volta até a entrada do parque, juntando o 1o e 2o dias de caminhada. Acordamos bem cedo então e tocamos a trilha toda de volta.

início do 3o dia

o tempo ruim continuava

New Plymouth
Chegamos no hostel moídos e desanimados pelo tempo ruim. A previsão dizia que o tempo ia melhorar dali dois dias, e começamos a duvidar das reais possibilidades de tentarmos a escalada do vulcão. Além disso, depois de 2 meses escalando e caminhando, as pernas e joelhos já davam os sinais de fadiga.

Resolvemos então tirar um dia de folga pra relaxar e decidirmos o que fazer. Alugamos as bicicletas mais baratas que encontramos e fomos andar na famosa Coastal Walkway, eleita uma das melhores ciclovias do país, com destaque para a Te Rewa Rewa bridge, uma ponte construída exclusivamente para pedestres e bicicletas com formato futurístico. Foi construído de forma que em dias claros fosse possível enxergar o Taranaki através dos seus arcos.

vista original... infelizmente estava nublado o dia
que fomos andar de bicicleta e não conseguimos ter
essa visão

A ciclovia é realmente muito bonita, e um passeio muito legal. Andamos por algumas horas, e passamos pelos principais pontos turísticos da rota.


bicicleta que consegui alugar com o dinheiro que tinhamos... hehe...




Chegamos de volta no hostel pouco depois do almoço, e agora vinha a dúvida cruel: tentar ou não tentar a escalada do Taranaki no dia seguinte? O cansaço e o tempo ruim pesavam contra, e a possibilidade de nunca mais voltarmos a esse lugar pesava a favor.

Juntei um bocado de força de vontade, e convenci a Flavinha a tentarmos. Afinal de contas, a previsão do tempo indicava tempo limpo e pouquíssimo vento. Não podíamos perder essa oportunidade. Havia ainda um problema: para escalar o Taranaki precisaríamos chegar no parque muito cedo, muito antes de abrirem as portas. Como conseguir um transporte até lá nessa hora do dia? www.rentadent.co.nz - low cost car rental services. Achei uma agência em New Plymouuth, liguei pra lá e consegui um compacto Toyota por 20 dólares a diária, e ainda tive que caminhar 30 minutos até a agência. Acabaram-se então as desculpas para não tentarmos a escalada. Já que estávamos já do outro lado do mundo, decidimos pelo menos fazer uma tentativa. Independente do quão longe chegássemos, já estaríamos no lucro.

Taranaki

Acordamos bem cedo, por volta das 5:30, tomamos um café da manhã reforçado e pegamos o carro em direção à entrada do parque. Como já era de se esperar a entrada estava fechada ainda, então deixamos o carro no estacionamento e seguimos pela trilha. A previsão do tempo estava certa, e pegamos um dia muito bonito de tempo limpo e temperatura agradável.

O Taranaki é considerado o vulcão mais frequentado da Nova Zelândia! No verão, quando não tem neve, para se chegar ao cume basta um bom condicionamento físico e muita disposição para vencer a longa e íngreme subida, vencendo pouco mais de 1500m a partir da entrada do Egmont National Park. Já no inverno a coisa complica um pouco mais pois a montanha se cobre com alguns bons centímetros de neve. A todo momento há placas indicando a necessidade de se estar portando os equipamentos necessários, e de se ter a experiência necessária. Na própria entrada do parque a recepcionista faz um belo terrorismo com histórias de acidentes e resgates. Mas pela experiência que eu e a Flavinha tínhamos no montanhismo em geral, e depois da boa dose de neve no Tongariro, achei que daríamos conta com segurança.

A primeira parte da subida é por uma estradinha que dá acesso a um abrigo de montanha do Taranaki Alpine Club, chamado Tahurangi Lodge. O abrigo é administrado pelo clube, e muito utilizado para as atividades recorrentes dos associados. A subida até o abrigo dura mais ou menos 2 horas e meia. Até tentamos entrar em contato para tentar utilizar o abrigo para pernoitar e ganhar tempo para a tentativa de cume, mas o processo do aluguel não é muito simples e achamos melhor ir direto mesmo.

Subimos em um ritmo muito bom, e antes das 10 da manhã estávamos no abrigo tomando uma água e fazendo um pequeno lanche. Daqui pra cima começa a parte complicada, o tempo todo sobre neve e gelo e o desnível a ser vencido até o cume é de pouco mais de 1000 metros.

na estrada a caminho do parque, finalmente vimos o Taranaki de longe


receptivo turístico do Egmont National Park

estradinha no início da caminhada


chegando na linha onde começa a neve... e o mar de nuvens ao fundo...

terminando a primeira parte da subida no Tahurangi Lodge...

Nessa época do ano, o gelo fica bem duro, então fomos com bastante cuidado procurando o melhor caminho e tentando seguir as marcações que indicam o caminho da subida.

Essa parte da montanha é linda! Longas rampas de neve branquinha, com o visual do cume o tempo todo. Abaixo de nós, as nuvens alternavam, hora mostrando a vista toda da cidade e hora um mar incrível de nuvens.

uma das placas avisando da dificuldade técnica e dos perigos climáticos


o tempo sempre alternava entre nuvens e céu azul... visual magnífico!




rampas intermináveis de neve e gelo

Subimos por mais umas 4 horas na neve. Calculei que estivéssemos a mais ou menos 300 metros do cume e chegamos na última parte da subida, conhecida por ser um terreno pedregoso e um pouco mais irregular que as longas rampas que subimos. Já eram quase 2 da tarde, e comecei a ficar preocupado com o horário de volta. Além disso, as pernas começavam a dar os sinais de cansaço em mim e principalmente na Flavinha. Somado a tudo, começamos a subir alguns trechos de neve mais íngremes que requisitavam o uso da piqueta para progredir lentamente. Hora da verdade! Somando todos os fatores (horário, exposição, cansaço, experiência, etc) decidimos que seria melhor descermos naquele ponto. Estávamos sozinhos na montanha, e qualquer incidente transformaria um dia lindo de escalada em um pequeno pesadelo. Começamos então a descer. Infelizmente não deu cume dessa vez.

A descida foi bem tranquila, e aproveitamos para praticar as técnicas de esqui bunda na neve... hehe...

última olhada para o cume antes de iniciar a descida...


zigue zague da subida

skibunda!

pegando a estradinha na descida

Dia fantástico em um lugar deslumbrante! Essa foi a última aventura da viagem, e não poderíamos ter escolhido lugar melhor para fechar a viagem com chave de ouro.

Hora de voltar pra casa, e encarar a vida real. 70 dias de living the dream! Voltamos pra casa com a alma fortalecida e um monte de novas experiências na bagagem... e muitas histórias pra contar...

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