quinta-feira, 4 de julho de 2013

Frangos na Australia - Parte 6 = Blue Mountains

Depois de muita chuva na passagem por Nowra e Sydney, finalmente parecia que o tempo ia dar uma trégua para a nossa última parte da viagem. Destino: Blue Mountains.

O Blue Mountains National Park fica há pouco mais de duas horas de carro de Sydney, e é um dos principais picos de escalada da Austrália. Com pouco mais de 2000 vias (móveis, fixas, tradicional, esportiva... tem de tudo em muita quantidade), e um arenito muito característico, é um daqueles locais imperdíveis que não pode faltar em uma viagem de escalada na Austrália. Por toda a fama do lugar, reservamos 4 dias pra ficar lá, para conseguirmos conhecer alguns dos muitos setores com mais calma.

Saímos da casa da amiga da Pat bem cedo, e pegamos a estrada rumo à Blackheath, uma das cidades ao redor dos parques. Para não perder muito tempo, fomos direto para o primeiro setor de escalada, paramos a caravan e descemos direto para conhecer a pedra. O visual da estrada já era impressionante, e o tom azulado das montanhas ao fundo já explicava a razão do nome.



Nesse dia, fomos no setor Mt York, conhecido por ser um setor com vias fáceis, fixas e móveis, bom para quem estava indo pela primeira vez à região. Iniciamos em uma via grau 15, toda em móvel que seguia uma linha fenda/diedro/aresta (detalhe importante: no guia de escalada havia um aviso de DANGER gigante nesta via, dizendo que ela já havia sido palco de terríveis acidentes com escaladores). Com algum perrengue, e um tanto bom de medo e precaução, consegui guiar a via até o final, e depois subiram todos. Nesse setor haviam ainda várias outras vias de grau até 18, e pudemos ficar brincando bastante com os carrots (chapeletas removíveis).

primeira via toda em móvel

eu no perrengue do diedro



Jorge guiando

Saímos de lá quase anoitecendo e fomos direto para o Caravan Park. Lá, encontramos uma recepcionista brasileira, cujo marido era também escalador, e que nos indicou alguns outros setores. Como sempre, os caravan parks de altíssimo nível, com toda a estrutura necessária e preços muito acessíveis. Como ficamos 3 noites, conseguimos aproveitar bem dessa vez. (hehe).

Dia seguinte acordamos e fomos a um dos setores indicados, chamado de New York. Vias mais baixas, algumas fixas e algumas em móvel. Depois de 3 semanas escalando em móvel, eu e a Flavinha estávamos cansados de tanto colocar proteção, e optamos por fazer as vias fixas. Além disso, em toda a viagem eu ainda não tinha tentado alguma via de sétimo grau (grau 22 ou 23 australiano), e o guia de escalada indicava uma via de 7b 4 estrelas no setor. Entramos em duas vias de 6 e 6sup pra esquentar os dedos, enquanto o Jorge e a Pat se esbaldavam com os móveis numa linha que eles visualizaram no setor (com muito destaque à Pat que fez dessa a primeira via guiada em móvel!!!).


primeira via guiada em móvel da Pat!


Deixei a via mais difícil por último. Uma bonita linha de uns 10 metros de altura, que passava por uns buracos lindos em uma parede levemente negativa. Tomei um espanquinho de leve, mas consegui fazer a via até o final. Lindíssimos movimentos por sinal!



Essa noite decidimos fazer um jantar especial. O Jorge quis fazer um autêntico barbecue australiano, na churrasqueira elétrica, com steaks e sausage. O que atrapalhou um pouco foi o frio do cão que fazia, e nos impediu de ficar defumados junto com o Jorge ao lado da churrasqueira enquanto ele a pilotava.



Terceiro dia de Blue Mountains, queríamos descansar um pouco os braços, então fomos para a entrada principal do parque buscar alguma caminhada para fazer. Logo no centro receptivo do parque têm-se a vista do monumento natural mais famoso do parque: as três irmãs. Belíssima formação de arenito, que costumava abrigar algumas vias de escalada que foram desativadas devido à intensa visitação.

Three Sisters!

Ponte entre as Sisters


proibido escalar!

Escolhemos fazer então uma caminhada mais longa, de dia inteiro, que iniciava ao lado das Três Irmãs e descia uma escada gigantesca até o vale abaixo, e seguia por esse vale margeando a montanha e passando por vários pontos turísticos importantes do parque (cachoeiras e picos) até subir novamente para a parte alta da montanha. Acabamos caminhando por quase 5 horas, e terminamos o passeio já no final da tarde.


haja escada



cachoeira Bridal's Veil (vulgo véu da noiva)

mirante da cachoeira

último mirante do dia, e uma das cachoeiras mais bonitas de Blue Mountains


volta da trilha pela estrada


Último dia de escalada da viagem, optamos por ir conhecer um dos setores mais famosos de lá: Shipley Upper. Famoso por ser um setor exclusivamente de vias esportivas, abriga algumas das mais difíceis vias da região. Além disso, possui diversas vias mais fáceis e muito agradáveis aos meros mortais. Chegamos de manhã e já fomos recebidos por uma ventania animal. Mal conseguíamos conversar. Mas por ser o último dia de escalada da viagem, decidimos ir assim mesmo e encarar o perrengue.

caminhadinha de acesso na ventania


Começamos escalando algumas vias de 5o grau num bonito setor, cheio de cristais e batentes. O vento às vezes dava uma empurrada pro lado, mas conseguimos subir aos trancos e barrancos (e em meio aos xingos da Pat... hehe). Passamos então para outro bonito setor mais à esquerda, de parede bem laranja e um pouco mais difícil. Fizemos uma via de grau 19, cotada como 5 estrelas, de movimentação lindíssima!






Jorge na via grau 19 - 5 estrelas!

Eu já tinha dado uma olhada no guia e namorado uma via de grau 22 (7b), cotada como 4 estrelas. Uma linda parede laranja que seguia bem vertical após um domínio em um tetinho de muitas agarras. No final da tarde, no ápice da ventania, decidi dar um pega na via. Afinal, seria a minha última escalada da viagem.

tetinho no ícioin da via

linda via grau 22 (7b)

segurando pro vento não jogar pra fora da parede

Comecei na via e após um perrengue no teto, entrei na linda parede vertical laranja, onde começava o crux. Uma bonita sequência de regletes e abaolados, com movimentos muito delicados. Fui subindo movimento a movimento, lutando para me equilibrar com as rajadas de vento, e consegui fazer o crux e chegar ao final da via depois de umas duas paradas. Que belíssima via! Escalada perfeita para fechar com chave de ouro a última etapa da viagem dos frangos.


E assim nos despedimos da viagem mais fantástica da história dos frangos! Muita escalada, lugares maravilhosos, muitas risadas e muitas histórias que lembraremos para o resto da vida... valeu frangos por mais esses momentos inesquecíveis!!!


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