segunda-feira, 4 de maio de 2015

Escaladas ATM Rio

Feriado de 1o de maio já estava guardado para a ATM do Rio. Esse ano a programação seria maior, seguindo as comemorações de 450 anos da cidade do Rio de Janeiro, e a FEMERJ e a CBME aproveitaram para fazer uma versão mais enxuta da SBM - Semana Brasileira de Montanhismo (www.rionasmontanhas,com.br). A programação incluía também um Congresso Brasileiro de Montanhismo, e fui convidado a participar como representante da FEMEMG. Com isso, precisaria estar no Rio no dia 1o de maio, sexta-feira.

Saí do trabalho na quinta correndo, e às 18:30 conseguimos terminar de arrumar tudo e pegar a estrada para o Rio. O caminho de Alfenas para o Rio é bem cansativo, principalmente por cortar toda a serra da mantiqueira, o que aumenta consideravelmente o tempo de viagem. 440km em quase 7 horas. Chegamos no Rio por volta das 1 e meia da madrugada.

Acordei cedinho na quinta, pois o congresso começaria as 8:00. Durante o dia todo fiquei participando das mesas redondas e discussões, enquanto a Flávia aproveitou para dormir mais cedo e me encontrou na Urca depois do almoço. No final da tarde ficamos assistindo o restante o Campeonato Brasileiro de Boulder juvenil e qual foi a minha imensa surpresa de encontrar tantos confrades CEMistas na praça. Passado o primeiro dia de obrigações, sabado e domingo seriam de escalada e proveito.


CEM em peso na praça General Tiburcio

O Xaxá havia combinado de escalar a chaminé Stop no sábado, mas a chuva que caiu no Rio ao longo da semana (e na noite de sexta) frustou nossos planos novamente (na SBM de 2012 também tinhamos combinado de escalar essa via e também fomos impedidos pelo mau tempo). Com isso, combinamos de fazer uma invasão do CEM na Face Leste do Pão Açúcar.

A ideia era levar um pessoal para fazer o Costão, e algumas outras duplas escalariam algumas das vias das cervejas (Heineken e Bohemia Gelada). Eu e a Flávia chegamos na praça por volta das 7:30 e um grupo grande já havia rumado em direção ao Costão. Xaxá e Julinho nos aguardavam para irmos escalar as cervejas sob um céu muito azul e clima agradável.

Na pista Cláudio Coutinho já avistávamos vários trechos de pedra muito molhados, e as esperanças de fazer as cervejas foram diminuindo. Quando chegamos próximo às bases das vias, vimos algumas línguas dágua que impediam qualquer tentativa de escalada. Decidimos engrossar o caldo e fazermos todos juntos o Costão. Invasão do CEM no Costão!

Como já era de se esperar o Costão estava cheio, e ficamos muito tempo esperando um grupo que estava à nossa frente, e ao mesmo tempo sendo pressionados por um grupo que estava atrás de nós. Conseguimos passar o lance da escalada bem rápido e três duplas foram pela via São Bento (eu e a Flávia, Xaxá e Julinho, Dagó e Carol) e o restante do pessoal subiu caminhando pela trilha.

costão

apareceu um amiguinho na base da escalada do Costão

invasão do CEM no Costão


topo do lance de escalada

A via São Bento tem uma enfiada fixa seguido de um costão até retornar à trilha, e é uma excelente opção pelo visual incrível à cansativa trilha de subida.

Julinho sacoleiro entrando na São Bento

P1 da são bento



Chegamos todos satisfeitos no cume pelo excelente dia de escalada.

cume!

invasão do CEM no Pão de Açúcar... 2 duplas na face oeste

Na descida, enquanto conversávamos surgiu o assunto sobre fazer a K2 no dia seguinte. Algumas duplas estavam confirmadas, e o Christian me chamou para fazermos mais uma dupla. Mesmo aos votos do Christian de que ele "não guiaria nenhuma enfiada, mas animava de ir de segundo a via inteira" (hehe) eu aceitei na hora! Há anos eu tenho vontade de fazer essa via, mas a oportunidade não havia aparecido ainda. Além disso, não quis perder a oportunidade de dividir uma cordada com o Christian, com quem nunca antes havia escalado. Combinamos de encontrar no estacionamento das Paineiras por volta das 7:00 para começarmos bem cedo, pois eu ainda teria todo o caminho de volta para Alfenas no domingo mesmo.

Chegamos, paramos os carros e começamos a caminhada de pouco mais de 20 minutos até a base. Chegando na base do diedro inicial, o visual impressiona! Estávamos já na metade superior da parede do Corcovado, com todo o visual da zona sul. Impressionante!

visual da base da K2

preparando a tralha

A via K2 é uma das vias mais famosas do Rio de Janeiro. Começa com um diedro perfeito de 5o grau, fixo (que também pode ser feito em móvel), e depois segue por uma escalada em agarras pequenas alternando inclinações, até chegar literalmente no pé do Cristo. No final das contas as outras duplas não foram, e o Alexandre se juntou numa cordada de 3 conosco.

O Alexandre estava muito na pilha pra tentar guiar a primeira enfiada em móvel e lá foi ele. Mas após o 2o grampo ele desistiu da ideia dos móveis e foi costurando os grampos mesmo, até uma parada opcional logo no final da primeira parte do diedro.


Alexandre no diedro

O Christian subiu de segundo e eu de terceiro. A via K2 faz uma travessia bem aérea para a esquerda para fugir da segunda parte do diedro (também conehcida como K3, toda em móvel e graduada em 6o grau, e nada convidativo). Decidimos que continuar pelo diedro seria bem complexo, e seguimos a via original mesmo.

Eu entrei guiando a travessia e fiz a P2 logo em seguida, onde normalmente se faz a P1. O Alexandre veio de segundo e aproveitou e tocou a 2a enfiada inteira até a próxima parada. Eu fui de segundo e o Christian de terceiro.

diedro visto da P1
P1

A saída da próxima enfiada seria a do famigerado lance do palavrão, objeto de muitas lendas sobre o perigo, exposição, e por ter sido palco de alguns acidentes já que não tem proteção fixa e uma queda significa bater direto no platô da base em fator 2. Apesar disso, as possibilidades de proteção móvel pareciam boas e o Alexandre pediu para guiar esta também. Lá foi ele, colocou alguns camalots e sem pestanejar passou fácil do lance.

Lance do palavrão

base da P3

Essa enfiada foi a mais prazerosa. Muitas agarras, inclinação boa, e um lance em diedro/laca muito gostoso no final. Chegamos então na base da última enfiada, logo abaixo de uns tetos de concreto.

A última enfiada era uma aderência bem chata de 4o (???) grau, e lá fui eu guiar. Passei muitos apertos nos cristais abaolados de pé e sem nada pras mãos mas consegui mandar e chegar no final da via. Depois disso, uma trlhazinha curta e CUME!!! Pulamos o parapeito de concreto e caímos no meio da multidão!

cume!

Final de escalada e final de feriado, valeu muito mais uma vez escalar no Rio de Janeiro. A qualidade da rocha, os visuais, a facilidade de acesso, tudo sempre à favor de uma ótima escalada. Ano que vem tem mais ATM!


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