sexta-feira, 10 de maio de 2013

Fim de semana de lendas vivas e ATM no RJ

por Rafael Gribel

Fim de semana de ATM (Abertura de Temporada de Montanhismo) no Rio de Janeiro, e o Xaxá lançou a idéia de passar um fim de semana de escalada na cidade maravilhosa. A idéia inicial era partir na sexta-feira, escalar sob a lua cheia à noite, escalar sábado e domingo e participar da ATM no domingo a tarde. Eita!!!

Então partimos eu, Xaxá e Giba a caminho do RJ na sexta a tarde. Chegamos no RJ por volta das 5 da tarde e fomos direto pra Jacarepaguá, onde o pai do Xaxá mora. No caminho, passamos na academia do Felipe Dallorto pra chamar ele pra fechar as cordadas com a gente. Combinamos de nos encontrar às 20:00 na casa dos pais do Xaxá, e a idéia era comprar uns churrasquinhos, e levar pra pedra pra comer no cume.


Noite de linda lua cheia, partimos as 20:30 pra pedra. O objetivo do dia era o morro do gramado, uma pedra de aproximadamente 60 metros de altura que fica no quintal do condomínio onde os pais do Xaxá moram. Pouco mais de 20 minutos de caminhada e já estávamos na base da pedra. Eu e o Xaxá resolvemos entrar numa via de 4o grau muita bonita de duas enfiadas, chamada Meninos Proibidos, com alguns lances bem verticias, e o Felipe fez cordada com o Giba na via Aida, um 3o bem vertical limpo muito bonito de duas enfiadas. Rapelamos de volta para a base na fomiagem de fazer outra via, mas como já beirava as 11 da noite, resolvemos repetir a Aida em uma cordada só e parar no cume pra comer os churrasquinhos. Como haviamos levado os churrasquinhos embrulhados em papel aluminio e dentro de um isopor ainda comemos a carninha morninha.


Sábado foi dia de escalada maior. Combinamos com o Carrô (vulgo Carlos Alberto Carrozino, pai do Xaxá) de fazer uma via de 6 7 cordadas na Prainha, uma praia que faz parte de uma reserva ambiental lindíssima, onde a mata atlântica lambe o oceano e se ergue na montanha à frente do mar a uma altura de uns 200 metros de altura. Lindíssimo visual!!!

base da via... a via sai do estacionamento da prainha... eita!

O Carrô me deu o privilégio de dividir a corda com ele nessa escalada, e então partimos as duas duplas para a escalada. A escalada é principalmente de agarrência, com alguns trechos mais verticais, e umas barriguinhas estranhas. O Xaxá começou guiando com o Giba de segundo, e eu e o Carrô seguimos as duas primeiras enfiadas logo atrás. No final da segunda enfiada, com o Carrô bailando e passeando nas aderências, enquanto eu e o Giba tomávamos um espanco, tomamos a dianteira e tocamos na frente, numa espécie de cordadas simultâneas, cada hora com uma dupla passando à frente. Sobrou pra mim então entrar guiando a cordada do crux. Ouvimos várias vezes do Xaxá a estória do grampo do crux dessa via que havia saído no pé do Carrô na última vez que haviam feito essa escalada, então não tinhamos certeza que um grampo novo havia sido colocado no lugar. Entrei então no lance do crux guiando que é um trecho bem vertical em diagonal para a esquerda, com nenhuma agarra de mão e algumas agarrinhas pequenas de pé. Me equilibrei num regletinho, acreditei no pé, levantei o corpo e consegui passar o lance. Por sorte, o grampo que tinha saído vinha exatamente depois do crux e estava lá um novinho protegendo o lance seguinte que não era nada fácil e que ajudou bastante no psicológico, principalmente depois de eu ter saído do lance do crux com as pernas tremendo igual vara verde. Dali pra frente a escalada ficou mais tranquila, passamos então por um platozão de capim gordura que nos deixou bem preguentos, e depois disso foi só mais uma enfiada de uns 40 metros por rocha entre os gravatás. Cume!!! Chegamos os 4 ao cume por volta das 11 da manhà, e o dia estava maravilhoso, com o oceano lotado de surfistas aproveitando as ondas da prainha.


Que escalada sensacional!!! Escalar com o Carrô foi um privilégio e uma inspiração. Um homem de 69 anos de idade, esbanjando disposição e energia, e com uma técnica refinada de escalada, progredindo na via como se estivesse passeando no quintal de casa. Valeu pela parceria Carrô!!!



cume!!!

Descemos por trilha, tomamos uma cervejinha e um banho de mar e voltamos pra casa do Xaxá pra almoçar 2kg de camarão fresquinhos.ao som de causos e mais causos do seu Carrô.

À noite fomos para a Urca assistir as palestras do Raphael Nishimura, e do Flavio Daflon e Sergio Tartari sobre a conquista no Fitz Roy. Fantástico!!! Mias duas lendas vivas da escalada brasileira, que conquistaram uma via de 1200 metros batendo apenas uma chapeleta, em uma das montanhas mais difícies do mundo!!! Outro ponto alto do fim de semana. E ainda sobrou ânimo pra ir tomar uma cerveja artesanal em um buteco de um amigo do Xaxá.


No domingo acordamos novamente bem cedo, e a idéia era escalar na Urca e depois ficar pra ATM. Chegamos na entrada da Pista Cláudio Coutinho por volta das 8:30, e decidimos escalar na Parede dos Coloridos. Fizemos a via Azul, a qual sobrou pra eu guiar também novamente fazendo dupla com o Carrô. Abaixo, o Giba decidiu soltar as asinhas e guiar na agarrência do Rio com o Xaxá de segundo.

Carrô e Giba na P1 e eu tocando pra cima

Carrô passeando na agarrência

Outra escalada muito bonita! 2 IIsup (heeeinnnnn??!!!!) com muitos pés e poucas mãos, e alguns esticões. Depois da P3 o Carrô ainda decidiu continuar no meio das bromélias pra chegar num top mais acima, e eu fui de segundo praticando o mais típico montanhismo de máximo impacto (não façam isso em casa).

P3 da Azul

Depois do rapel, voltamos pra praça General Tibúrcio arrumar a barraquinha do CEM/FEMEMG. Arrumamos tudo e o Xaxá manteve a tradição de levar umas garrafas de cachaça pra atrair o pessoal, e foi impressionante o ibope da marvada. Toda hora chegavam mais e mais cariocas atrás da braquinha.



Fim de tarde, pegamos as trouxas, colocamos tudo no carro do Xaxá e tocamos de volta pra BH.

Fim de semana espetacular!!! escaladinha sob a lua cheia, parceria com a lenda viva Carlos Alberto Carrozino (vulgo Carrô), presença dos montanhistas mais ilustres do país... A ATM do Rio virou uma referência e ponto de encontro nacional!!! Ano que vem estaremos lá de novo com certeza, e com mais algumas garrafas de cachaça pra atrair os mais animados...

Um comentário:

  1. Morando no Rio há dois anos, posso dizer que as agarrências do Rio dão um espanco no começo, mas é tudo questão de costume! rs
    Bons ventos!

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