Na hora disse que não, que achava que o Baiano ainda era muito pesado pra mim, e não estava disposto a encarar o perrengue. Mas uns dias depois pensei bem e resolvi que era hora de encarar o bicho de frente, e depois do teste na via Evolução em Pedralva, me senti em plenas condições de escalar os 650 metros de parede.
O Pico do Baiano fica na borda da Serra do Caraça, no município de Catas Altas, e é considerado por muitos como o principal pólo de escalada tradicional da região próxima à Belo Horizonte. Existem várias vias já conquistadas, todas com muitos metros de extensão e poucas proteções. Aliado a isso, o acesso pirambístico (vulgo cheio de pirambas) à sua base lhe confere o rótulo de baita escalada de aventura. Mais informações em: http://www.montanha.bio.br/web_cem/apresenta_baiano.htm
começando a trilha |
Decidimos então aproveitar o feriado e fazer um esquema com mais tempo, assim poderíamos descansar melhor entre as caminhadas e a escalada. Saimos de BH na sexta de manhã e chegamos no vilarejo do Morro de Água Quente às 12:30 e, por volta das 13:00, começamos a caminhada. Passamos rapidinho pela estrada de trem da Vale, e rapidamente ganhamos altura pela mata. Foram quase 4 horas e meia de caminhada, sendo que as últimas 2 horas e meia de muita piramba, e muito arranca mato com a mochila, olho, pescoço, etc. Chegamos na base por volta das 17:30, armamos o bivaque, fizemos um jantar e por volta das 19:30 já estávamos nos braços de morfeu.
favela na base |
Dia seguinte acordamos com o sol nascendo, e pouco depois das 7:00 já estávamos na parede. Dia lindo, vento de leve e algumas nuvens aliviando o calor, clima perfeito pra escalada!
sol nascendo em meio às nuvens |
A via segue em uma linha bem reta, sempre por pequenas agarras e cristais em um quartzito cinza prateado lindo, com boa aderência, intercalando longos trechos expostos de 3o/4o grau com alguns lances mais difíceis bem protegidos de 5o, 6o e o crux de 7c/A0. Na minha opinião, um E2 justo. Ao todo são 13 enfiadas de aproximadamente 50 metros (algumas um pouco maiores e outras um pouco mais curtas), sendo as 3 últimas sem proteções intermediárias entre as paradas.
Fomos revezando as guiadas, e a medida que o chão ia ficando mais longe a confiança na aderência da rocha aumentava, e fomos progredindo num ritmo muito bom, com poucas paradas para descanso.
guilherme guiando a primeira enfiada da obra do acaso |
e o chão vai ficando longe |
platô na P8 |
cume do baiano! |
visual da parte de trás do baiano |
Mais um jantar liofilizado e de novo por volta das 19:30 já estávamos apagados no bivaque.
Dia seguinte, a catinga de suor misturado com protetor solar estava braba e acordamos antes de o sol nascer doidos pra voltar pra casa. Fizemos a caminhada de volta em 3 horas, e pegamos o carro no Abrigo do Caverna pra voltar pra BH.
Um detalhe muito importante sobre a montanha é o barulho incessante da mineração, 24 horas por dia. Os caminhões não param nenhum minuto, nem mesmo durante a madrugada, durante o feriado ou aos domingos.
Missão cumprida!!! Montanha incrível, rocha incrível, visual incrível!!! Todos os ingredientes de uma grande escalada, esse foi com certeza o maior desafio que já enfrentei na escalada em rocha. Valeu Guilherme pelo convite e pela parceria!!!
Maravilhoso!!! Parabéns!!! Realizou um sonho nosso tb!!! Quem sabe um dia nós quatro não escalamos juntos o Baiano, hein?!
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