A Serra do Lenheiro fica no município de São João Del Rei, e é muito conhecida pelas escaladas em móvel dos 3 Pontões. Considerado um dos melhores locais para prática da escalada em móvel no país, as fendas e qualidade da rocha são impressionantes! O local é área militar, utilizado pelo 11º batalhão de SJDR para cursos de montanhismo aos militares, e por isso recebe o nome de CEMONTA (Campo Escola de Montanha). Muito importante frisar que a FEMEMG tem um acordo com o Exército para manter a escalada aberta no local e é preciso seguir os procedimentos exigidos por eles para conseguir autorização. É só entrar no site www.acessomg.blogspot.com e clicar em 3 Pontões - São João Del Rei
Porém, pesquisando um pouco mais, descobrimos que existem vários outros setores na Serra do Lenheiro com quartzito da mais alta qualidade: Pedra Negra, Setor Ave Maria, etc. 4 dias seria pouco para conhecermos o lugar no final das contas. Fomos então eu, a Flávia e o Guilherme de BH, e a idéia seria escalar pelo menos uns dois dias nos 3 Pontões e tentar conhecer alguma coisa do Setor Ave Maria.
Saímos então no sábado de manhã e enfrentamos o já tradicional trânsito de carnaval. Demoramos umas 3 horas e meia de Alfenas até lá (1 hora a mais que o esperado), e fomos direto ao batalhão entregar o Termo de Reconhecimento de Risco e pegar a autorização. Lá encontramos o Guilherme, passamos em um supermercado para comprarmos a janta e partimos para o Cemonta. 2km de terra, de estrada razoável e chegamos ao local.
A imponência dos 3 Pontões impressiona! O visual é magnífico, e as fendas mesmo vistas de longe fazem os dedos coçarem.
Armamos as barracas, aguardamos até umas 3 da tarde para o calor dar uma sossegada, e fomos escalar. Como era a primeira vez, decidimos fazer algumas vias bem fáceis no Pontão Menor para nos aclimatarmos ao tipo de rocha e escalada. Fizemos duas vias muito boas e descemos já quase anoitecendo. A primeira uma fenda reta linda e fácil, a Esquina da Alegria, e a outra começando em uma chaminé apertada e estranha e seguindo em um diedro/chaminé tranquila, chamada Spartacus.
início da Esquina da Alegria |
chmanié na saída da Spartacus |
namorando a fenda da Sublime Inconsequência |
Guilherme na Esquina da Alegria |
Flavinha subindo limpando o diedro |
fissura Rubycon |
Flavinha fazendo a segurança do Guilherme... e o teto da Guerra e Paz em segundo plano |
Flavinha na Alta tensão |
eu guiando a alta tensão (depois de salvar a primeira proteção e diminuir consideravelmente a tensão) |
chaminé sem nome |
No final do dia, o tempo fechou enquanto eu e o Guilherme finalizávamos o Teto da Guerra e Paz. De repente uma ventania sem fim e a chuva caiu forte enquanto montávamos o rapel. A Flávia já havia descido para o camping e levou o meu anorak por acidente (Aff!). Fizemos o rapel correndo e tentamos proteger os equipamentos da chuva, mas não teve muito jeito. Descemos com as roupas e mochilas bem molhadas. Tirando alguns raios que caíram lá por perto e fizeram a espinha gelar por alguns segundos, correu tudo bem.
Dia seguinte o tempo amanheceu bem nublado, prometendo que o tempo ruim do dia anterior ia continuar. Ficamos fazendo hora até na hora do almoço, esperando os equipamentos secarem e torcendo para alguma melhora que nos permitisse procurar alguma coisa pra escalar.
Lá pelas 14:00 a chuva parou e eu e o Guilherme corremos e arrumamos as mochilas para tentarmos ir conhecer o Setor Ave Maria. A promessa era que lá as vias eram muito negativas e a chuva não conseguiria molhar a parede. Com 5 minutos de caminhada a chuva voltou mas mesmo assim decidimos ir até o setor ver do que se tratava.
Após algumas erradas na trilha, chegamos no setor. Um teto de outro mundo! Uns 10 metros de parede muito inclinada, com buracos gigantes e rocha muito sólida! Nunca vi nada parecido. As vias lindas seguindo linhas naturais de agarras gigantes até o final do teto. Realmente muito impressionante.
Meio intimidados com a inclinação da parede, ficamos ali assistindo outro casal escalando e então as mãos começaram a coçar e resolvi entrar em um 7c que estava equipado, chamado Purgatório. Linda sequência de buracas e agarras de todos os tamanhos e formatos. Fui subindo de costura em costura fazendo cada movimento e me deliciando com a movimentação. Enquanto isso, a chuva caía mas sem nenhuma gota na área das vias. O Guilherme entrou logo em seguida e quase mandou na primeira.
Eu fiz ainda outra via de segundo, um 7b chamado Cheia de Graça, para desmontar, e o Guilherme quis dar outro pega na Purgatório e, por pouco, não encadenou.
escalador de Conselheiro Lafaiete na Ave Maria |
Com os braços cansados e os dedos todos ralados, não teve jeito de fazermos mais nada. Juntamos nossas coisas e voltamos para o camping com a sensação de termos ganhado o dia, depois de tanta chuva.
Á noite tivemos ainda uma palestra da Ro Gelly, escaladora muito experiente do Rio de Janeiro que falou sobre Gestão de Risco e Prevenção de Acidentes na Escalada. Ela tem um grupo no Facebook (https://www.facebook.com/groups/GerenciamentoEscalada/?fref=ts) para discussão do assunto e nos presenteou com uma excelente apresentação do tema e discussão de idéias.
Dia seguinte, já com os braços doloridos e as mãos inchadas, não tinha jeito de tentarmos mais escalar. Juntamos as coisas e pegamos a estrada de volta.
Que carnaval delicioso! Pouca bagunça, muita escalada, visuais incríveis e muito aprendizado. A escalada em móvel é realmente um jogo bem diferente e exige muito da capacidade mental do escalador. Com certeza voltaremos com muita frequência! A Serra do Lenheiro definitivamente entrou para a nossa lista dos melhores lugares para escalar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário