domingo, 16 de dezembro de 2012

Final(mente) de semana no Cipó

por Rafael

Com essa história da Flavinha ter que trabalhar todo fim de semana, durante o ano de 2012 não conseguimos nenhuma vez ir passar um fim de semana inteiro na Serra do Cipó, daqueles que tanto fizemos no ano passado e nos outros anos.

Então, com a alforria conseguida pela Flavinha no trabalho, sexta-feira eu dei um jeito de sair mais cedo do serviço, passamos pra deixar a cachorra na casa da mãe da Flavinha e tocamos direto para o Cipó. A idéia era escalar os 2 dias, aproveitando para entrar em 2 vias de 8a, e largar de vez de ser frango (hehe).

Chegamos num calor muito forte e, depois de um transito bem pesado na saída de BH e em Lagoa Santa, fomos direto pra cachoeira Grande dar uma espantada no calor e começar o tratamento de choque. De alma lavada, subimos a serra pra ver o restinho do pôr-do-sol.


Sábado dormimos até mais tarde, e fomos pra pedra por volta das 10 e meia. A idéia era ir para o setor Foda entrar na via Tatara (8a). Aquecemos na Só pra elas, e depois fui direto entrar na danada. Fiz a via com algumas quedas até a última chapeleta num teto muito forte, onde tomei uma boa vaca no vazio. Deu um trabalho danado pra voltar pra costura pela negatividade da parede, e resolvi não tentar de novo o lance e correr o risco de passar mais 15 minutos pra voltar pra costura, e resolvi descer dali mesmo passando uma malha rápida. Via sensacional!!! Começa com um regletes abaolados numa parede levemente negativa e no final a inclinação da parede e as agarras aumentam, finalizando com um teto muito forte com a última agarra num reglete bem no teto. Simplesmente deliciosa a via! Fiquei muito feliz de ter entrado e feito a via praticamente toda.

Ficamos hospedados no espaço Mandala (http://espacomandalla.blogspot.com.br), do Wagninho, e lá conhecemos um casal de amigos de SP (Rubens e Camila) que estavam lá a quase uma semana e que iriam ficar lá mais uma semana escalando. Oh inveja!!! Combinamos então de ir juntos escalar no domingo no Grupo 1.

Acordamos no domingo um pouco mais cedo e saímos pra escalar por volta das 8 e meia. Fomos direto para a parte da frente do Grupo 1 esquentar na Soldado de Mármore (5o) e na Assombrolius Bicolius (6sup). Depois que todos tinham entrado na Assombrolius Bicolius, a Camila estava escalando por último e começamos a perceber uma movimentação braba de abelhas no alto da pedra. Resolvemos largar as costuras ali mesmo e pegar no final do dia.

indo pro Grupo 1 com o dia lindo
Camila escalando a Assombrolius Bicolius
e Rubens na segurança
abelhas alvoroçadas acima da Assombrolius Bicolius
Dali tocamos direto para o Vale de Blair para o segundo objetivo do final de semana: a via Silêncio dos Inocentes, um 8c que dizem ser 8a até a última chapeleta. Enquanto a Flavinha e a Camila escalavam a Via de Blair (7a), eu e o Rubens ficamos malhando a Silêncio dos Inocentes.

Parênteses a ser aberto: ao sairmos do Mandala, percebemos que a cachorra pertinha que fica no abrigo foi nos seguindo. Quando saimos para o Vale de Blair e subimos a escadinha de ferro que dá acesso ä trilha, a cachorra sumiu e achamos que ela tinha desistido de nos seguir e ido embora de volta para o abrigo. 5 minutos depois que chegamos no Blair, eis que surge a cachorra do nada! Incrível! Não fazemos a menor idéia por onde ela passou, mas ela ficou com a gente o dia todo.


Voltando ao assunto principal, eu entrei sacando a Silêncio dos Inocentes e a primeira agarra de cosutra, um reglete bem pequeno e machuquento já me mostrou como seria a via. Passei uma sequência de regletes pequenos e médios em movimentos bem fortes e cheguei sem quedas no 1o crux entre a quarta e a quinta chapeletas. Já tomei o primeiro voo na primeira tentativa. Tentei ainda mais umas 5 vezes variando as agarras e movimentos, mas não consegui chegar muito perto de passar o movimento. O Rubens entrou e tomou outras boas vacas nesse mesmo movimento. Eu então vi uma outra agarra um pouco mais alta no movimento e resolvi tentar. Entrei e quando estava praticamente com a mão na próxima agarra, minha mão esquerda escapou bonito do reglete e acabei machucando alguns dedos na batida na pedra. Resolvi então dar um último pega no dia, e refiz o movimento e dessa vez consegui mandar. Costurei a próxima e ainda tentei umas duas vezes o próximo movimento, mas os braços e os dedos já não deixavam mais. Fiz o rapel num cordelete de abandono e resolvi fechar o final de semana de escalada por ali. Outra via fantástica!!! Sequência de regletes muito forte com movimentos lindos entre eles. Valeu demais entrar em mais um 8a, apesar de não ter conseguido chegar no final.

eu prestes a sair voando no 1o cruz da Silêncio dos Inocentes
Rubens brigando com os regletes
Enquanto eu me matava no 8a, a Flavinha largou de ser franga e decidiu entrar guiando a Via de Blair, um 7a muito bonito ao lado que o Rubens tinha entrado e montado. Final das contas a Flavinha subiu muito bem, com 2 quedas até o último movimento da via, que é uma dominada de uma barriga em uns chifres grandes, com os pés muito ruins, e sem agarras pra cima. Ela entrou na raça, quase conseguiu fazer o lance e ganhou uma vaca estranha de presente, batendo a perna num platô abaixo. Depois de um chiliquinho de leve por causa do joelho que doeu na queda (hehe...), com os dedos já em chamas decidiu descer, mas valeu a raça e a coragem de entrar guiando o sétimo!

Pra fechar o fim de semana, comemos o tradicional PF no restaurante do Marquinho e voltamos pra BH com os dedos fritos, braços exaustos, mas com a mente completamente renovada.

Objetivo do final de semana alcançado!!! Valeu São Pedro por colaborar com o tempo, valeu Rubens e Camila pela parceria, e ficou o gostinho de quero mais nas vias de 8a. No final, deu pra perceber que o oitavo grau tá ficando perto, e acho que vou passar de frango pra Gavião... hehe...

Um comentário:

  1. Que delicia! Que saudade de ir pro Cipo com vcs! Parabens pelos oitavos! Ah, e to aqui esperando a Flavinha chegar para me inspirar e escalar que nem ela! Beijos!

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